terça-feira, 22 de setembro de 2009

Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres


A Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres é um dos prédios que fazem parte do Centro Histórico de Itaboraí. Sobrado representativo da arquitetura urbana brasileira do século XIX, foi doado ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) após o falecimento da antropóloga Heloísa Alberto Torres para tornar-se um centro de difusão cultural. Como é um item tombado pelo patrimônio histórico nacional, suas características arquitetônicas e seu acervo têm sido preservados.

No início da década de 1990, o prédio passou a ser utilizado como sede da gestão da Cultura em Itaboraí, graças a entendimento entre a Prefeitura e o IPHAN. É o local das principais exposições de artes plásticas e fotografias que são realizadas na cidade, além de ter se tornado um ponto de convergência de estudantes e acadêmicos, atraídos pelo acervo da família Alberto Torres.

O prédio já abrigou a Fundação de Arte e Cultura (FAC), até 1992, e os diversos setores e secretarias de Cultura do município durante as últimas duas décadas. Desde o início de 2009, funciona na Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres a Subsecretaria de Cultura e Eventos, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. - Por William Mendonça

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Alberto de Seixas Martins Torres (1865-1917)


Sociólogo e jornalista itaboraiense, nascido em 26 de novembro de 1865, Alberto de Seixas Martins Torres é considerado um dos expoentes da política brasileira do início da República, e exerceu a presidência do Estado do Rio de Janeiro no período entre 31 de dezembro de 1897 e 31 de dezembro de 1900. Casado com Maria José Xavier da Silveira, teve três filhos – Alberto Torres Filho, Maria Alberto Torres e Heloísa Alberto Torres.

Iniciou seus estudos no Rio de Janeiro, no Internato Estrela Condutora. Muito jovem, em 1880, atendendo ao pedido do pai, matriculou-se na escola de Medicina, cursando apenas dois anos. Abandonou o curso e mudou-se para São Paulo. Lá, matriculou-se na faculdade de Direito e iniciou sua atividade jornalística, colaborando com jornais como o CAIÇARA, A IDÉIA, O CONSTITUCIONAL e A REPÚBLICA.

Após se formar em Direito, Alberto Torres regressou ao Rio de Janeiro, trabalhando como advogado no escritório de dois renomados profissionais, doutores Tomás Alves e Ubaldino do Amaral. Em 1889 foi nomeado promotor público, mas não aceitou. No mesmo ano, foi candidato a deputado pelo quarto distrito, sendo derrotado.

Casou-se em 1890. Sua trajetória na vida pública seguiu com a eleição para deputado estadual, em 1891, e federal, em 1894. O então presidente Prudente de Morais nomeou Alberto Torres Ministro da Justiça, entre 1896 e 1897. Após exercer o cargo de presidente do Estado do Rio, foi nomeado, em 1900, Ministro do Supremo Tribunal Federal, ficando no cargo até 1909.

Suas principais obras foram “O problema nacional brasileiro”, “A organização nacional”, “Vers la Paix” e “Le problème mondial”. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Em 1917, faleceu no Rio de Janeiro, aos 52 anos. Seus restos mortais foram transferidos posteriormente para o Cemitério de Porto das Caixas, em Itaboraí. - Por William Mendonça

Maria José Xavier Da Silveira Torres (1868-1949)

Irmã de Joaquim Xavier da Silveira, colega de faculdade de Alberto Torres, Maria José Xavier da Silveira era de família conceituada da cidade de Santos, no litoral paulista. Quando Alberto Torres foi nomeado advogado auxiliar da Intendência Municipal do Distrito Federal, conseguindo uma remuneração que lhe permitisse pensar em casamento e constituir família, os dois, que já eram noivos, puderam se casar. Em 28 de setembro de 1891, o casal fixou residência em Niterói. Maria José foi uma das principais incentivadoras da brilhante carreira política, literária e jornalística do marido, dando-lhe apoio e incentivo para enfrentar os obstáculos.
Nascida em 25 de maio de1868, em São Paulo, SP, e falecida em 21 de março de1949¸ no Rio de Janeiro, era filha do poeta e orador Joaquim Xavier da Silveira e de Emilia Balbiana Carneiro de Mendonça, descendente de Manuel da Silveira, patriarca desta família Xavier da Silveira, do Rio de Janeiro. - Por William Mendonça

Heloísa Alberto Torres - (1895-1977)

Nascida no Rio de Janeiro, em 1895, Heloísa Alberto Torres era a terceira filha de Alberto Torres e Maria José Xavier da Silveira. Alcançou reconhecimento internacional por seus estudos e trabalhos nas áreas de antropologia, arqueologia e etnografia do Brasil – ocupando os principais cargos na área, inclusive o de Diretora do Museu Nacional.

Passou parte da infância em Petrópolis, durante a gestão de Alberto Torres como presidente do Estado do Rio de Janeiro, quando foi aluna interna do Colégio Notre-Dame de Sion. Adquiriu diversos conhecimentos humanísticos e lingüísticos, sendo fluente em inglês e francês. Em uma de suas três viagens à Europa, durante a adolescência, escapou da morte em um naufrágio, ocorrido em 1907, em Lisboa.

Ingressou no Museu Nacional em 1918, quase um ano após o falecimento do pai, trabalhando como assistente do professor Roquete Pinto. Heloísa Alberto Torres, desde muito jovem, conviveu com alguns dos principais intelectuais brasileiros, amigos de Alberto Torres, como Rui Barbosa, Quintino Bocaiúva, Alberto de Oliveira e Nilo Peçanha. Foi fortemente influenciada por Roquete Pinto e pelo desbravador Marechal Rondon.

Em sua carreira, foi professora da Divisão de Antropologia, Etnografia e Arqueologia, membro do Conselho das Expedições Artísticas e Científicas do Brasil, diretora do Museu Nacional, nomeada por Getúlio Vargas em 1938 (cargo que exerceu até 1955), professora de Antropologia na Universidade do Distrito Federal e na Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayete (atual UERJ), entre outros. Foi uma das pioneiras da luta pelos direitos das mulheres no Brasil e representante do país em diversas Conferências e Entidades Culturais no exterior.

Aos 81 anos, em 23 de fevereiro de 1977, numa noite quente de verão, Heloísa Alberto Torres faleceu, vítima de insuficiência respiratória aguda. Seu corpo foi sepultado no mausoléu da família Torres, no Cemitério de Porto das Caixas. Como era seu desejo em vida, o sobrado colonial em que residiu durante os últimos anos de vida, ao lado de sua irmã Marieta, em Itaboraí, foi doado ao IPHAN, e funciona hoje como a Casa de Cultura da cidade. - Por William Mendonça

Maria Alberto Torres "Marieta" (1892 - 1985)


Maria Alberto Torres (Marieta), filha do meio do casal Alberto Torres e Maria José Xavier da Silveira, nasceu em 19 de agosto de 1892, em Niterói-RJ. Escritora e genealogista, Marieta estudou as famílias do município de Itaboraí, coletando dados importantes que hoje se encontram no acervo da Casa de Cultura. Quando sua irmã Heloísa foi acometida por uma insuficiência respiratória aguda, vindo a falecer em 1977, ela estava em sua companhia.
Em 23 de dezembro de 1981, Marieta sacramentou o destino do antigo sobrado, efetuando, no 20º Ofício de Notas do Rio de Janeiro, a doação do prédio, com todos os seus “utensílios e alfaias”, à Fundação Nacional Pró-Memória. O termo está lavrado no Livro 2108, folha 26v, e determina que o local deverá tornar-se um centro de difusão cultural. À Marieta coube o direito de continuar residindo no local, sem ônus, até o falecimento.
Em 1985, quando Maria Alberto Torres faleceu, aos 95 anos de idade, a Fundação Nacional Pró-Memória, donatário legal do imóvel, tomou posse do prédio e de todos os acervos contidos no local – à exceção de bens constantes em testamento. Graças a Marieta, o legado da família Alberto Torres pôde ser preservado e disponibilizado à comunidade e aos pesquisadores, na Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres.
Por William Mendonça

Alberto Torres Filho

Nascido em 03 de dezembro 1893, no Rio de Janeiro, Alberto de Seixas Martins Torres Filho foi o único filho homem de Alberto Torres e Maria José Xavier da Silveira. De acordo com a síntese da genealogia da família, feita provavelmente por Marieta Alberto Torres e que consta dos documentos da Casa de Cultura, Alberto casou-se com Regina Moura e teve dois filhos: Rosa Maria, que se casou com o paulista Helio Moniz de Souza, e Antonio Alberto, falecido solteiro, "ficando assim extinta", como está anotado na genealogia, "a descendência viril de Alberto Torres."
Por Mariza Corrêa, UNICAMP, publicada em 1996.

Alberto Torres e Filhos


Alberto Torres quando passsava férias com os filhos em Rio Bonito

Maria José Xavier Da Silveira e Filhos



Maria José Xavier da Silveira com seus filhos, respectivamente: Alberto Torres Filho, Maria Alberto Torres e Heloísa Alberto Torres.

Irmãos Alberto Torres


1. Maria Alberto Torres, Marieta, nascida em 19.08.1892, Niterói, RJ - escritora e genealogista;
2. Alberto de Seixas Martins Torres Filho, nascido em 03.12.1893, no Rio de Janeiro. Casado;
3. Heloisa Alberto Torres, nascida em 17.09.1895, no Rio de Janeiro.

A informação acima consta do COLÉGIO BRASILEIRO DE GENEALOGIA, no link
http://www.cbg.org.br/arquivos_genealogicos_r_02.html, onde há informações sobre as famílias dos ex-governadores do Rio de Janeiro.


Maria Alberto Torres (Marieta), Alberto Torres Filho, Heloísa Alberto Torres



Alberto Torres Filho, Maria Alberto Torres (Marieta), Heloisa Alberto Torres

Casa de Cultura no Centro Histórico

Por William Mendonça

Erguido na primeira metade do século XIX, o casarão onde está instalada a Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres completará 200 anos em 2010. É um belo exemplo de sobrado imperial, que segue padrões estilísticos das colônias ibéricas setecentistas, mantido em grande parte com suas características originais. Foi erguido por iniciativa do negociante português Caetano José de Moraes, na praça principal de Itaboraí, que, à época, chamava-se Largo da Matriz, hoje Praça Marechal Floriano Peixoto.Foi habitado por famílias que pertenciam à elite mercantil e agrára da antiga Freguesia de São João Batista de Itaboraí - destaque para as famílias Antunes, Rodrigues e Azeredo Coutinho - e a própria localização do prédio dava a medida da posição social de seus moradores. Ocupava lugar de destaque, já que a Praça era o verdadeiro centro da atividade do município - que abrigava, além da Igreja Matriz de São João Batista, a antiga Casa de Câmara e Cadeia (atual Câmara Municipal), o palacete do Visconde de Itaboraí (onde hoje se instala a Prefeitura) e o Teatro Municipal João Caetano. O casarão está localizado em um terreno de 753 m2, com 9,60 m de frente, 38m de fundo, 35m do lado direito e 48m do lado esquerdo. Nas décadas de 1930 e 1940, foi residência do capitão Pedro Marques Rosa, coletor federal. Na década de 1950, foi alugado para vários empreendimentos, época em que enfrentou grande decadência. As irmãs Alberto Torres, após várias negociações, adquiriram o imóvel em 19 de agosto de 1963 e, com o apoio do arquiteto Augusto Carlos da Silva Telles, iniciaram a adaptação do prédio ao uso e sua restauração.

Igreja Matriz de São João Batista
Tombada como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN em 1970, possui a sua origem em 1672, com a construção de uma capela por João Vaz Pereira sob a invocação de São João Batista. Reconstruída entre 1725 e 1742, passa por nova reforma no período de 1767 a 1782, quando se estabelece o atual conjunto arquitetônico imponentemente instalado na parte mais alta da Praça.
Casa da Ópera (Atual Teatro Municipal João Caetano)

O dia 24 de abril de 1827 marca a inaugração deste teatro, construído pelo Coronel João Hilário de Menezes e a estréia de João Caetano dos Santos - considerado o maior teatrólogo brasileiro do século XIX. Após passar por reformas em 1920 e mais tarde em 1927, que modificaram sensivelmente sua fachada original, acaba sendo demolido em 1974, quando encontrava-se em estado de ruínas. A partir de 1984, o teatro começa a ser reconstruído pelo prefeito João Baptista Caffaro. Este teatro, um dos mais antigos do país e o primeiro a levar o nome desse ilustre itaboraiense, nascido a 27 de janeiro de 1808 na Serra do Lagarto, era frequentado pela Família Real no século XIX, que vinha a Itaboraí especialmente para assistir as encenações do famoso João Caetano.

Casa da Câmara e Cadeia (Atual Câmara Municipal de Vereadores)

Construído em 1840 para abrigar a Casa de Câmara e Cadeia Pública da recém-criada Vila de São João de Itaboraí (1833), este belo exemplo de arquitetura neoclássica, projetado pelo Major Júlio Koeller, foi tombado como Patrimônio Histórico Estadual pelo INEPAC em 1979. Em 1962, passa a ser também ocupado pela Prefeitura Municipal, que na época, realiza reformas de adaptação. Em 1994, com a inauguração do Centro Administrativo pelo então prefeito João César Caffaro, a Prefeitura desocupa o prédio, qe volta a ser utilizado unicamente pelo Poder Legislativo local, que no primeiro pavimento cria um espaço cultural denominado Raymundo Leoni.

Palacete de Joaquim José Rodrigues Torres, Visconde de Itaboraí (atual prefeitura Municipal). Típica residência apalacetada dos fins do século XVIII e início do XIX, construída provavelmente entre 1803 e 1810, foi, segundo o inventário da FUNDREM, a residência do Visconde de Itaboraí - o primeiro presidente da Província do Rio de Janeiro e ministro por dez vezes - e servia de hospedagem para a Família Real quando em visita a Itaboraí. Tombada como Patrimônio Histórico Nacional em 1964, foi desapropriada e declarada de utilidade pública pela Prefeitura em 1966, passando a ser utilizada como casa de caridade. Dois anos depois, o prédio sofre um incêndio, ficando em estado de ruínas, sendo doado então ao Governo Estadual, que nele realiza obras de reconstrução, adaptando-o internamente ao seu novo uso como Fórum, cuja inauguração se deu em 1974. Posteriormente, com a inauguração do novo Fórum, no bairro Nancylândia, o antigo palecete passou a ser ocupado pela Prefeitura Municipal como sua sede administrativa.

Irmãs Alberto Torres


A Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, legado das irmãs Torres a Itaboraí e principal espaço de difusão e fomento da cultura no Município, localiza-se na Praça Marechal Floriano Peixoto, 303, Telefone 21 3639-2022, e está aberta diariamente a visitação pública.

Com o objetivo de residir em Itaboraí, as irmãs Alberto Torres realizam uma ampla reforma no Casarão recem adquirido, pois segundo elas: "o prédio de construção sólida, como as boas construções do fim do século XVIII, não tem condições de habitalidade (Inexistencia de cozinha, de banheiros e outras comodidades)". Concluídas as obras que duraram quase quatro anos, Heloísa e "Marieta", como era conhecida, passam a colocar em prática o seu principal objetivo que é o de transformar o sobrado em Centro Cultural, a partir do acervo bibliográfico, documental e mobiliário pertencentes a família.
Quanto a este propósito, assim escreveram na mesma petição:

" Descendentes de cinco gerações de Itaboraienses, esperam as proprietárias poder mudar se para essa casa, onde passarão a residir. Estão convocando todos os demais descendentes de Itaboraienses ilustres para criarem, no Município, um Centro Cultural a que pretendem consagrar os seus restantes anos de vida legando, por sua morte, ao referido centro todos (grifo do autor), embora modestos, bens que possuem."

Casarão

Conforme o ato de doação do antigo casarão da família Alberto Torres, feito em 1981 por Maria Alberto Torres, após o seu falecimento, em 1985, o local e seu acervo passaram a pertencer à Fundação Pró-Memória, ou seja, ao IPHAN. Durante alguns anos, o casarão permaneceu fechado, até a Prefeitura de Itaboraí - autorizada pelo IPHAN - ocupar o local com seu respectivo órgão de cultura. Isto permitiu que tanto as dependências quanto o importante acervo mobiliário, bibliográfico e artístico das irmãs Alberto Torres recebessem a atenção merecida. Em 1995 foi concluído o primeiro trabalho de reforma completa do casarão.Somente neste ano, a Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres pôde receber visitação em todas as suas dependências, inclusive com acesso a parte do acervo bibliográfico, composto principalmente por obras de antropologia, sociologia e política. O acervo de móveis, em sua maioria remanescentes do período colonial brasileiro, constitui-se também numa atração para os visitantes. O destaque é para a coleção de oratórios, com diversas imagens religiosas de santos católicos.Neste ano, através de convênio com o Ministério do Meio Ambiente, foi realizada uma ampla revitalização dos jardins da Casa de Cultura, projeto que teve o apoio da Fundação Jardim Botânico. Centenas de novas mudas, especialmente de flores, foram plantadas no local, respeitando a disposição original dos canteiros e bancos. As árvores foram podadas e um novo gramado plantado no local. Os jardins da Casa são utilizados para a realização de shows e eventos.A Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres também mantém abertos para visitação, com a realização de exposições temporárias de artes plásticas, fotografia e artesanato, dois salões no andar térreo, sendo o principal espaço do gênero em Itaboraí nas últimas duas décadas. Lá também são realizados cursos e palestras.
Por William Mendonça