Por William Mendonça
Erguido na primeira metade do século XIX, o casarão onde está instalada a Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres completará 200 anos em 2010. É um belo exemplo de sobrado imperial, que segue padrões estilísticos das colônias ibéricas setecentistas, mantido em grande parte com suas características originais. Foi erguido por iniciativa do negociante português Caetano José de Moraes, na praça principal de Itaboraí, que, à época, chamava-se Largo da Matriz, hoje Praça Marechal Floriano Peixoto.Foi habitado por famílias que pertenciam à elite mercantil e agrára da antiga Freguesia de São João Batista de Itaboraí - destaque para as famílias Antunes, Rodrigues e Azeredo Coutinho - e a própria localização do prédio dava a medida da posição social de seus moradores. Ocupava lugar de destaque, já que a Praça era o verdadeiro centro da atividade do município - que abrigava, além da Igreja Matriz de São João Batista, a antiga Casa de Câmara e Cadeia (atual Câmara Municipal), o palacete do Visconde de Itaboraí (onde hoje se instala a Prefeitura) e o Teatro Municipal João Caetano. O casarão está localizado em um terreno de 753 m2, com 9,60 m de frente, 38m de fundo, 35m do lado direito e 48m do lado esquerdo. Nas décadas de 1930 e 1940, foi residência do capitão Pedro Marques Rosa, coletor federal. Na década de 1950, foi alugado para vários empreendimentos, época em que enfrentou grande decadência. As irmãs Alberto Torres, após várias negociações, adquiriram o imóvel em 19 de agosto de 1963 e, com o apoio do arquiteto Augusto Carlos da Silva Telles, iniciaram a adaptação do prédio ao uso e sua restauração.
Igreja Matriz de São João BatistaTombada como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN em 1970, possui a sua origem em 1672, com a construção de uma capela por João Vaz Pereira sob a invocação de São João Batista. Reconstruída entre 1725 e 1742, passa por nova reforma no período de 1767 a 1782, quando se estabelece o atual conjunto arquitetônico imponentemente instalado na parte mais alta da Praça.
Casa da Ópera (Atual Teatro Municipal João Caetano) O dia 24 de abril de 1827 marca a inaugração deste teatro, construído pelo Coronel João Hilário de Menezes e a estréia de João Caetano dos Santos - considerado o maior teatrólogo brasileiro do século XIX. Após passar por reformas em 1920 e mais tarde em 1927, que modificaram sensivelmente sua fachada original, acaba sendo demolido em 1974, quando encontrava-se em estado de ruínas. A partir de 1984, o teatro começa a ser reconstruído pelo prefeito João Baptista Caffaro. Este teatro, um dos mais antigos do país e o primeiro a levar o nome desse ilustre itaboraiense, nascido a 27 de janeiro de 1808 na Serra do Lagarto, era frequentado pela Família Real no século XIX, que vinha a Itaboraí especialmente para assistir as encenações do famoso João Caetano.
Casa da Câmara e Cadeia (Atual Câmara Municipal de Vereadores)
Construído em 1840 para abrigar a Casa de Câmara e Cadeia Pública da recém-criada Vila de São João de Itaboraí (1833), este belo exemplo de arquitetura neoclássica, projetado pelo Major Júlio Koeller, foi tombado como Patrimônio Histórico Estadual pelo INEPAC em 1979. Em 1962, passa a ser também ocupado pela Prefeitura Municipal, que na época, realiza reformas de adaptação. Em 1994, com a inauguração do Centro Administrativo pelo então prefeito João César Caffaro, a Prefeitura desocupa o prédio, qe volta a ser utilizado unicamente pelo Poder Legislativo local, que no primeiro pavimento cria um espaço cultural denominado Raymundo Leoni.
Palacete de Joaquim José Rodrigues Torres, Visconde de Itaboraí (atual prefeitura Municipal). Típica residência apalacetada dos fins do século XVIII e início do XIX, construída provavelmente entre 1803 e 1810, foi, segundo o inventário da FUNDREM, a residência do Visconde de Itaboraí - o primeiro presidente da Província do Rio de Janeiro e ministro por dez vezes - e servia de hospedagem para a Família Real quando em visita a Itaboraí. Tombada como Patrimônio Histórico Nacional em 1964, foi desapropriada e declarada de utilidade pública pela Prefeitura em 1966, passando a ser utilizada como casa de caridade. Dois anos depois, o prédio sofre um incêndio, ficando em estado de ruínas, sendo doado então ao Governo Estadual, que nele realiza obras de reconstrução, adaptando-o internamente ao seu novo uso como Fórum, cuja inauguração se deu em 1974. Posteriormente, com a inauguração do novo Fórum, no bairro Nancylândia, o antigo palecete passou a ser ocupado pela Prefeitura Municipal como sua sede administrativa.